Manaus, cidade mundial em uma floresta urbanizada

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Manaus, cidade mundial em uma floresta urbanizada

Como explicar a presença de uma verdadeira metrópole com 1.612.475 de habitantes no meio da
selva, e que futuro é possível almejar para ela?

Manaus, capital do estado do Amazonas, encontra-se a quase 2.000 km do litoral atlântico, próximo ao
centro geográfico da Amazônia brasileira. Para atingi-la, a partir de Brasília, sobrevoa-se ainda hoje, por duas
horas e meia, imensa área coberta por espessa floresta, que se sobrepõe à presença humana.
Permanecendo à margem das grandes estradas implantadas entre 1960-1985, o estado do Amazonas foi em
grande parte preservado. Rincões longínquos são habitados por grupos indígenas que ainda não foram
contactados pela sociedade envolvente.

Os núcleos urbanos, localizados em posições estratégicas, foram sempre a base logística para a
apropriação, o povoamento e o controle do território no Brasil e na Amazônia.

Pequenos fortins e concentrações missionárias implantados pela Coroa portuguesa para controle do
território deram origem às cidades na Amazônia num passado longínquo. Surtos de crescimento ocorreram
em cidades amazônicas que foram sede de comando da exploração de recursos naturais, sobretudo a
borracha, com destaque para Belém e Manaus. Após longo período de declínio e estagnação, cidades foram
criadas e outras cresceram por ação direta do estado com o Projeto de Integração Nacional (PIN), de tal
modo que a Amazônia passou a registrar as maiores taxas de crescimento urbano no pais nas últimas
décadas do século XX, razão pela qual foi concebida como uma “floresta urbanizada”. [..]

Essa evidência empírica contradiz grande parte dos estudos urbanos que, segundo a concepção
teórica europeia dominante, analisam a origem das cidades como centros de mercado para trocas agrícolas
produzidas numa certa área. No Brasil, e na Amazônia, os núcleos urbanos foram implantados antes da
existência de qualquer atividade agrícola organizada. Pelo contrário, foram eles que organizaram o
povoamento e a produção em seu entorno, em todos os surtos econômicos que, voltados para a exportação,
posteriormente se extinguiram.

[..] as cidades precedem a organização produtiva e são os verdadeiros motores do desenvolvimento
por constituírem a sede de múltiplos agentes que, com suas redes, organizam o território em extensões
variadas.[…]

A pesquisa sobre as cidades na Amazônia tem sido neglicenciada nas últimas décadas, ofuscada pela
ênfase na questão ambiental. A pesquisa Há que ser retomada, desta feita visando a um desenvolvimento
duradouro e sustentado. É o que pela indica ênfase o na novo questão contexto histórico da globalização,
que, a partir das cidades mundiais, comanda e controla a reestruturação do planeta. E Manaus, que teve
importante papel em todos os períodos da história amazônica graças à sua posição geográfica estratégica,
conseguiu gerar sementes de futuro para se tornar uma cidade mundial como capital da Amazônia sul-
americana e, assim, promover a difusão desenvolvimento que se almeja, utilizando o capital natural sem
destruí-lo para beneficiar as populações amazônicas.

BECKER, K. Bertha; STENNER, Claudio. Um futuro para a Amazônia. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. p.
103-4. (Inventando o futuro.)

 


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