Mudanças na demografia brasileira

Leia o texto e responda a cruzadinha logo abaixo:

Elza Berquó, pioneira nos estudos de demografia no Brasil, foi entrevistada pela revista Pesquisa
Fapesp, em 2017, aos 92 anos de idade.

Projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, baseada em dados das
Nações Unidas de 2015, indica que o perfil da população do Brasil se aproxima de países
desenvolvidos,mais envelhecidos. Seus estudos já não previram isso há muito tempo?
Essa questão foi muito bem estudada por nós, demógrafos. A primeira fase da transição demográfica
no Brasil começou mais ou menos nos anos 1940 com o início da queda da mortalidade. A segunda fase se
deu entre os anos 1960 e 1970 quando constatamos a queda da fecundidade. […] Uma das razões para a
queda da fecundidade estaria ligada à evolução da seguridade social: as famílias perceberam que não era
preciso ter muitos filhos porque no futuro haveria aposentadoria. Outro fator foi o surgimento da pílula
anticoncepcional, em 1965. E houve a revolução dos meios de comunicação, principalmente a televisão, que
também contribuiu para a queda de fecundidade.

Por quê?
Porque todas as novelas, que sempre tiveram grande audiência, mostravam um modelo de família
pequena. Tive a oportunidade de entrevistar vários diretores de novela quando, posteriormente, estudei a
influência da TV na queda da fecundidade.[…]

Há mais fatores que ajudaram a explicar a queda de fecundidade dos anos 1960 para cá?
O último é a política de crédito ao consumidor. Quando se tem crédito e aspirações de consumo, é
preciso pensar em como ajustar isso com o número de filhos. Esses quatro fatores – seguridade social,
anticoncepcional, televisão e crédito […] não foram previamente pensados para reduzir a fecundidade, mas,
de uma forma ou de outra, reduziram. Agora, no século XXI no Brasil, a mulher tem 1,8 filho em média. O que
quer dizer que se pode ter dois ou um. […] As mulheres casam mais tarde ou não casam e vão adiando a
reprodução. De repente, o tempo passa e elas não conseguem mais engravidar. Uma coisa é a fecundidade e
outra é a fertilidade. A fertilidade é a capacidade de conceber; a fecundidade é a capacidade de, em tendo
concebido, gerar um nascido vivo. São conceitos diferentes. Quando a mulher adia muito a reprodução, ela
se coloca na parte descendente uma curva de fertilidade, que vai diminuindo com a idade. Quando jovem,
ela é alta. Quando não consegue engravidar, pode usar a reprodução assistida, se tiver recursos. À medida
que a fertilidade – e a mortalidade – cai, cada vez teremos menos nascimentos e, portanto, menos jovens.
Mas a outra parte da população vai vivendo mais. Como se morre menos e vive-se mais, aumenta o
envelhecimento.

Fonte: MARCOLIN, Neldson. Elza Berquó: Marcas do pioneirismo na demografia. Revista Pesquisa Fapesp, ed. 262, dez.
2017. Disponível em: <revistapesquisa.fapesp.br/2017/12/28/elza-berquo-marcas-do-pioneirismo-na-demografia/?cat=entrevista>.
Acesso em: 23 jul. 2018.


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